Introdução
A comunicação humana é inerente à natureza do homem razão porque ela é
fundamental para os seres humanos. No presente trabalho tencionamos apresentar,
de forma sucinta, a comunicação como dom e os respectivos esquemas à luz da
obra de Pierre Babin “A era da
comunicação”. No primeiro ponto abordaremos o dom da comunicação cujo
vértice é Deus. No segundo ponto, falaremos dos esquemas da comunicação.
- O DOM DA COMUNICAÇÃO
Na óptica de Babin, para um cristão a comunicação é um dom, pois é
intrínseca à natureza humana. Este dom é ao mesmo tempo uma revelação e um
impulso original que se recebe de Deus. Por isso, “Deus é a base de tudo e
constitui o vértice da comunicação”[1]. A revelação é a da
unidade fundamental do género humano transpassado pelo amor de Deus. Deste
modo, para um cristão, a essência da comunicação é a comunhão. “Os dois
interlocutores entram um e outro em comunhão. Eles comunicam um ao outro e se
tornam amigos”[2].
Neste sentido, emissores e receptores guardarão a mesma pele, mas a comunhão
que preexiste neles age como uma fonte.
Por outro lado, Babin nos mostra que comunicar é transmitir uma mensagem
que não se domina inteiramente, porque ela vem do fundo de nós mesmos, lá onde
moram a necessidade e o mistério.
O projecto cristão é ser o sal da civilização da informação e da
comunicação, o que não significa ser superior aos outros, mas ser duas vezes “in”, no mundo e no amor de Deus. Mas
sempre apaixonado por reconstruir a unidade quebrada do género humano. Dado que
a comunicação é um dom a ser partilhado e posto em acção, o feedback (o choque
em retorno ao sinal enviado pelo emissor), servirá para regular as comunicações
humanas, conforme uma perspectiva cristã.
A revelação da comunicação não se leva como uma glória, mas antes como
um fogo que queima. Aliás, como mostramos atrás a revelação concerne ao nosso
modo de ser. Ela impõe-se-nos de forma original e radical ligando-nos
mutuamente uns aos outros. Destarte, “a revelação da comunicação é a revelação
da comunhão fraterna de todos os homens com Deus em Cristo. A fim de criar a
unidade fundamental do género humano e de corrigir todas as distorções da
comunhão”[3].
- OS ESQUEMAS DA COMUNICAÇÃO
Nas suas cogitações Babin foi percebendo que “não existem bons ou maus
esquemas de comunicação. Tudo depende do que se procura e do que se quer
esclarecer”[4].
Contudo, ele propõe-nos seis (6) esquemas.
a)
Os esquemas da
linguagem
Os dois primeiros (a comunicação de modulação e a comunicação
alfabética) referem-se aos esquemas de linguagem. Mostram como a comunicação
muda radicalmente conforme os alfabetos e as mídias que se utilizam.
A modulação indica tudo o que se apresenta aos sentidos sob forma de
vibrações visuais e cujos ritmos, intensidade e extensão são hoje acentuados
pela electrónica. Neste caso, comunicar não é dizer, mas participar. Não são as
palavras que contam mais na comunicação, mas o envolvimento, a atmosfera, as
condições materiais, as mídias utilizadas[5].
Por seu turno, a comunicação alfabética é marcada pela abstração, rigor
e lógica racional. Por isso, o mais importante é falar do que escutar. A
linguagem dominante é a das palavras, terminando em um discurso oral ou
escrito. O feedback se exprime antes de tudo por uma troca de palavras e de
ideias sobre pontos precisos.
b)
Os esquemas de
afinidade
Seguem outros dois esquemas (a comunicação da amizade e a comunicação do
Espírito) que surgem das afinidades, isto é, de parentescos e de acordos misteriosos
entre os seres humanos. A comunicação de amizade e de Espírito sai de
movimentos e atracções pessoais que escapam, em definitivo, a toda análise
científica e a todo controle autoritário.
Na comunicação de amizade “as linguagens são diversas, das palavras aos
actos e aos presentes. Elas se revestem geralmente de um respeito afectivo e
até sentimental”[6].
Na do espírito o que se comunica é fundamentalmente “a visão que se tem de si,
suas questões e problemas insolúveis, seus medos e suas tomadas de posição,
suas esperanças e motivações essenciais. A comunicação de ser a ser, supõe
parceiros”[7].
c)
Os esquemas da
fé cristã
Os dois últimos esquemas são directamente comandados pela fé cristã. Em
primeiro lugar a comunicação dos pobres. É um módulo particular de comunicação
que faz Jesus dizer: “felizes os pobres”. Enfim, a comunicação da fé, domínio
que toca a Igreja em seu núcleo e que não cessa de ser debatido. Não nos vamos
ater sobremaneira neste sub-capítulo dos esquemas da fé, pois dizem respeito ao
outro grupo não obstante terem principiado no capítulo que nos toca.
Conclusão
Depois de abordarmos de forma sumária a comunicação como um dom advindo
de Deus e dos esquemas que nos facilitam na nossa comunicação, é chegado o
tempo de traçarmos linhas conclusivas. Vimos atrás que por ser dom que nos é
revelado no mais íntimo da nossa intimidade, o fim último da comunicação é a
comunhão entre os interlocutores. Outrossim, ela obedece os critérios
esquemáticos que lhe são peculiares. Estes esquemas, no seu todo, dizem
respeito à vida e à fé de todos os homens na sociedade onde se encontram.
Bibliografia
BABIN, Pierre, A era da
comunicação, Ed. Paulinas, São Paulo 1989.
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